domingo, 27 de fevereiro de 2011

Epifania

Foi uma semana estranha, na qual me isolei mais do que o costume e confrontei-me  mais do que nunca com situações às quais fugia sempre.

Pensei que ia dar em doida, passaram-me as maiores parvoíces pela cabeça.
Chorei e as lágrimas cairam, mas sentia-me vazia.
Parecia presa entre o desespero e a loucura, sentia-me desumana.
Olhei à minha volta e vi uma faca.
Algures dentro de mim ainda tinha "bom senso".
Primeiro fui confirmar se tinha pensos para feridas.
Então... Aproximei-me e agarrei-a.
O meu coração bombardeava de adrenalina e medo.
As minhas mãos tremiam, perante a estupidez que estava prestes a fazer...
Tremelicando deslizei o gume da faca na minha pele.
Nada.
Repeti o gesto com mais força... e medo.
Nada.
Na rua oiço uma voz que me fez recordar alguém.
E foi aí que percebi...


Esta avalanche de sentimentos culminou num encontro com respostas que não estava a espera de encontrar tão cedo... Ainda que quase diariamente me questionasse, se as iria descobrir.

Dei-me conta de emoções que não conhecia e de outras que há muito tempo estavam escondidas.

O que teria de mudar para viver como queria.
O que já era tempo de ultrapassar e atirar para trás das costas.

Não valia a pena fugir. Os problemas existem e chegou a hora de os enfrentar. Assim como a altura de me atirar de cabeça e fazer o que não gosto, mas que tenho de fazer pois faz parte da vida e do meu dia-a-dia e até do futuro. Embora entre em choque com a minha personalidade. Quem sabe talvez eu mude de opinião.

Semana esta que terminou com uma futura oportunidade profissional... O suficiente para ganhar a motivação que me faltava.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Devaneios

Entro na sala e sento-me numa cadeira das primeiras filas.

É com alívio que vejo algumas caras novas. Trazem frescura, quebra de rotina e quem sabe, novos horizontes.

Depois de todos se sentarem e ficarem em silêncio, a professora aproxima-se e começa a falar essencialmente da disciplina e do próximo trabalho.

Divido a minha atenção entre a locutora e uma das raparigas mais giras do curso. Observo as duas. A primeira elegante, com uma boa postura, empenhadissíma em transmitir as suas informações aos alunos. A segunda muito concentrada, segue todos os movimentos da professora, não perdendo pitada do que ela diz.

Divirto-me a observar a minha colega. A forma como ela olha, sorri e falar com a professora dá-lhe um ar mais doce, vulnerável, modesto e tímido. Parece ainda mais bela. É como se todas as defesas caíssem. Será que ela também tem um fraquinho pela professora?

Na sala há também um rapaz novo, mas como o meu inglês é quase inexistente ainda não troquei muitas palavras com ele. Apesar da sua língua materna não ser o português, tem um ar típicamente português. Olhos castanhos, cabelo escuro sob um gorro.

Reparo noutra rapariga de olhos azuis que parece ser estrangeira. À saída ela mete conversa comigo, ao contrário do que pensava, fala bastante bem português e os seus olhos são verdes. Caminhámos e conversamos um par de minutos até ela chegar à porta e despedir-se antes de eu ter oportunidade de fazer alguma pergunta.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rascunhos

"?-?-2010
Há duas noites que tenho pesadelos. São dois pesadelos diferentes. As raparigas, não são as mesmas, mas o final é sempre igual: sou apanhada pela minha mãe aos beijos com uma rapariga. Tudo corre bem até elas tocarem com os seus lábios nos meus.
Pensei que conseguia esconder este sentimento, mas a cada dia que passa sinto que um dia vou ter de confessar o que sinto."

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eu sou...

Lésbica?
Bissexual?
Heterossexual?

Conduzo devagar.
Sozinha no carro digo em voz alta estas três palavras.
Eu sou bissexual.
Eu sou lésbica.
Eu sou hetero.

Preciso de saber como me sinto depois de as dizer e ouvir. Apesar de proferir cada frase com uma afirmação, sinto dúvidas.

A verdade é que me soam as três a falso.

As únicas palavras que soam à mais pura das verdades são: Eu gosto de raparigas e rapazes.

Acho a sexualidade demasiado complexa para resumi-la a um único rótulo. Nem quero ficar presa a um... Para quê perder tempo com isso, quanto o que importa é descobrir com quem me sinto bem independentemente de ser rapaz ou rapariga?